A Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) é uma condição endócrina que afeta muitas mulheres em idade reprodutiva, sendo considerada a principal endocrinopatia ginecológica na idade reprodutiva, com incidência de 6 a 10% das mulheres no menacme. É considerada a causa mais comum de infertilidade por anovulação, podendo, em alguns países, como nos Estados Unidos, representar a principal causa de infertilidade feminina.
Caracterizada pela presença de cistos – pequenas bolsas que contêm material líquido ou semissólido – que pode causar problemas simples, como irregularidade menstrual e acne, até outros mais graves, como obesidade e infertilidade.
Os ovários são dois órgãos, um de cada lado do útero, responsáveis pela produção dos hormônios sexuais femininos e por acolher os óvulos que a mulher traz consigo desde o ventre materno. Entre 20% e 30% das mulheres podem desenvolver cistos nos ovários.
SINTOMAS
Os sintomas da SOP tendem a começar gradualmente. As alterações hormonais começam frequentemente na adolescência, após o primeiro período menstrual. Os sintomas podem ser especialmente evidentes após o aumento do peso e costumam apresentar dois ou três dos seguintes sintomas:
Problemas menstruais que incluem poucas ou nenhuma menstruação ou ainda, sangramentos intensos e irregulares;
Queda de cabelo e crescimento de pelos na cara, peito, costas, zona abdominal, mãos e pés;
Acne e pele oleosa;
Problemas de fertilidade: não ovulação ou abortos persistentes;
Resistência insulínica e níveis elevados de insulina, o que pode causar obesidade e marcas cutâneas;
Depressão ou alterações de humor;
Problemas respiratórios durante a noite (apneia obstrutiva do sono) relacionados com obesidade e resistência insulínica.
DIAGNÓSTICO
Para realizar o diagnóstico da SOP são necessários o exame clínico, o ultrassom ginecológico e exames laboratoriais.
Através do ultrassom, a doença é percebida pelo aparecimento de muitos folículos ao mesmo tempo na superfície de cada ovário. Esse ultrassom deve ser feito entre o terceiro e o quinto dia do ciclo menstrual. Não sendo a mulher virgem, deve-se dar preferência à técnica de ultrassom transvaginal.
Segundo a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (2010), mulheres que apresentam apenas sinais de ovários policísticos ao ultrassom sem desordens de ovulação ou hiperandrogenismo não devem ser consideradas como portados da SOP.
TRATAMENTO
Como se trata de uma doença crônica, o tratamento da Síndrome do Ovário Policístico atua nos sintomas. O seguimento de práticas saudáveis como exercício físico, dieta saudável, controle do peso e cessação tabágica é essencial para o tratamento.
A SOP não tem cura, entretanto, ao controlar os sintomas existe a possibilidade de prevenção das demais condições clínicas associadas e diminuição dos riscos de infertilidade, diabetes, doença cardíaca e cancro uterino.
A dieta é uma parte importante do tratamento da SOP: deve ser rica em alimentos anti-inflamatórios, como frutas e vegetais frescos, proteínas magras e gorduras saudáveis, enquanto evita alimentos processados e açúcares refinados.
O exercício físico também auxilia na melhora a sensibilidade à insulina e regular os níveis hormonais, o que pode ser benéfico no tratamento da SOP. Atividades como caminhada, yoga e pilates podem ser especialmente benéficas na redução do estresse, que pode contribuir para os desequilíbrios hormonais.
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REFERÊNCIAS
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